K-pop é mais do que apenas um gênero musical: é um fenômeno cultural global. E nos últimos anos, o Reino Unido — tradicionalmente conhecido por exportar tendências musicais — passou a importar com entusiasmo a onda coreana. Mas como o K-pop conquistou espaço na cultura mainstream britânica?
Uma paixão que começa por acaso
Amber Clare era uma fã dedicada da boyband britânica One Direction. Mas tudo mudou quando, em uma de suas buscas no Twitter, ela clicou em um comentário que sugeria ouvir “Icy”, música do grupo sul-coreano Itzy.
“Nunca tinha ouvido K-pop antes, mas me tornei fã imediatamente.”
Essa paixão inesperada transformou não só seus gostos musicais, mas também sua carreira. Hoje, Amber é gerente de marketing e redes sociais da K-Stars, a maior loja de produtos de K-pop do Reino Unido.
Fundada em 2019 como uma pequena operação no mercado local de Manchester, a K-Stars cresceu para ocupar um espaço de dois andares com mais de 20 funcionários — todos fãs de K-pop. Isso reflete o crescimento explosivo do gênero mesmo em meios onde só os grandes nomes (como BTS, BLACKPINK e aespa) têm espaço na mídia tradicional.
Shows esgotados, fãs fervorosos
Embora ainda seja considerado um nicho, o K-pop já mostrou que tem um público fiel e crescente no Reino Unido:
- O grupo ATEEZ entrou duas vezes no top 5 do Official Albums Chart britânico.
- O BLACKPINK fará dois shows esgotados no estádio de Wembley no verão.
- Stray Kids se apresentará por dois dias no estádio do Tottenham.
- O tradicional festival SMTown Live, promovido pela agência SM Entertainment, será realizado pela primeira vez na Inglaterra.
Esses eventos não só mostram o alcance do K-pop, como também representam um movimento estratégico das empresas coreanas para conquistar de vez o mercado britânico.
A força das gravadoras e o poder dos trainees
A SM Entertainment, uma das gigantes do K-pop, foi pioneira na criação do sistema de treinamento intensivo de artistas, moldando talentos desde a adolescência até o tão aguardado debut.
Em celebração ao seu 30º aniversário, a SM reunirá todos os seus grupos no estádio de Twickenham, incluindo:
- Red Velvet, EXO, Girls’ Generation, aespa, RIIZE
- Todas as subunidades do NCT
- Um novo grupo de trainees: SMTR25
- E até um grupo britânico formado à maneira coreana: DearALICE
Essa última é uma criação 100% pensada para o público britânico, revelada através da série da BBC Made in Korea. É a resposta da Coreia do Sul à rica tradição britânica de boybands, como Take That e One Direction.
O mercado britânico na mira do K-pop
Historicamente, os Estados Unidos sempre foram o foco das turnês globais de K-pop, por serem o maior mercado musical do mundo. Mas essa lógica está mudando.
“Na turnê mundial, os EUA são garantidos. Já a Europa… sempre ficamos na dúvida,” diz Clare.
Porém, o Reino Unido tem trunfos únicos:
- É uma potência cultural global e de língua inglesa.
- Tem uma base consolidada de fãs de grupos pop.
- Possui meios de comunicação com alcance internacional.
- E oferece oportunidades de colaborações criativas, como:
- aespa com a cantora britânica RAYE
- Le Sserafim com PinkPantheress
- Le Sserafim com a banda Jungle
DearALICE: um experimento que deu certo
O grupo DearALICE simboliza perfeitamente essa nova fase do K-pop: produzido à moda coreana, mas composto por artistas britânicos.
Seu debut aconteceu no palco da SM Town em Seul com o single Ariana. Segundo o membro Blaze Noon, cada segundo da performance foi cronometrado com precisão cirúrgica, algo característico das produções sul-coreanas.
“Só o fato de estarmos no lineup do show em Londres já mostra o quanto a SM está interessada neste país.”
Blaze ainda destaca que a conexão cultural com o Reino Unido é natural:
“Temos uma longa história de grupos masculinos de sucesso. É claro que o K-pop pode prosperar aqui.”
Fãs britânicos: o segredo por trás da expansão
Mais do que as músicas ou os videoclipes altamente produzidos, o verdadeiro motor do sucesso do K-pop são os fãs. A comunidade é forte, leal e profundamente envolvida.
- Fãs criam conteúdo, organizam eventos, promovem desafios de dança.
- Eles se conectam emocionalmente aos idols, especialmente quando esses compartilham momentos íntimos nas redes sociais.
- O K-pop oferece um senso de pertencimento que muitos não encontram em outros gêneros.
Durante uma fanmeeting no Reino Unido, os membros do DearALICE disseram ter sentido como se estivessem entre amigos. James Sharpe afirmou:
“Estamos começando a reconhecer os rostos. E acho que vamos lembrar de cada vez mais fãs.”
Obstáculos e oportunidades
Apesar de seu sucesso global — 9 dos 10 álbuns mais vendidos do mundo em 2023 foram de artistas sul-coreanos —, nenhum deles entrou no top 50 britânico.
Entre os motivos possíveis:
- Baixa exposição nas rádios britânicas.
- Barreiras linguísticas.
- Estilo musical intenso e visualmente saturado, que pode ser difícil de digerir para novos ouvintes.
Mas quem se permite mergulhar no K-pop, descobre um mundo de carisma, talento e conexão autêntica com os fãs.
O futuro do K-pop no Reino Unido
O K-pop já deixou de ser “exótico” para se tornar parte integrante da juventude britânica. O apoio crescente, as colaborações locais e os eventos grandiosos mostram que o futuro é promissor.
Os britânicos estão prontos para dançar, cantar e se emocionar ao som da Coreia do Sul.
E como disse o membro Ten, do grupo WayV:
“Mesmo cantando em chinês, os fãs britânicos sabiam todas as letras. Isso me emocionou.”
Se depender dos fãs, o Reino Unido será — sem dúvida — um dos pilares da nova era do K-pop global.
Com informações de BBC Korea.
Anna Park é uma verdadeira fã da cultura coreana! 💖 Ama K-Pop, K-Doramas e está sempre testando receitas coreanas, como bibimbap e tteokbokki. Sua paixão pela Coreia é contagiante, e ela adora compartilhar tudo o que aprende sobre esse universo incrível! ✨
